Em rede

Boletim Inovação Aberta

Boletim mensal sobre a Inovação Aberta – Publicação digital número 21 – Fevereiro/2013

Acompanhe as atividades do centro e relacione-se com os demais profissionais da inovação por meio da plataforma openinnovationbrasil.ning.com

 

Uma para três

Uma pergunta sobre open innovation para três personalidades do cenário brasileiro de inovação

Qual é o perfil que se espera de um gestor da inovação em sua empresa?

Márcio Falci
Assessor da Presidência Científica da Biolab

“Um bom gestor de inovação deve, antes de tudo, ser um bom líder para que saiba trabalhar em equipe. Principalmente, porque a inovação é multisetorial e não acontece se não houver várias áreas do conhecimento atuando juntas. O gestor de inovação deve, então, ter uma visão holística e estar aberto a qualquer ideia nova e a aprender com o grupo. Por fim, é importante que ele também tenha facilidade de comunicação, para saber conectar toda a rede da cadeia de inovação em todas as esferas”.

 

Paulo Matos
Supervisor de Inovação Estratégica da Fiat

“O gestor de inovação tem que ter visão sistêmica, pensamento estratégico e conhecimento do próprio negócio para estabelecer as corretas conexões com foco nas possíveis inovações no modelo de negócios. É também preciso compreender as ferramentas e metodologias do processo de inovação, além de gostar de pessoas e do futuro”.

 

Thomas Canova
Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Rhodia para a América Latina

“Antes de tudo, abertura de espírito e capacidade de lidar com interfaces cada vez mais múltiplas e complexas. Ele deve atingir os resultados demandados, mas sempre cuidando para desenvolver seus colaboradores. Esses dois pontos estão intimamente ligados, pois, um time que não é desenvolvido não se torna motivado e não atinge resultados sustentáveis”.

Topo


 

Editorial

Novos rumos para um momento de maturação do movimento da inovação

Desenvolver competências para inovar é o principal desafio organizacional das empresas no momento. No Brasil, o movimento pela inovação ganhou força há cerca de uma década, com a criação de um conjunto de políticas públicas e uma resposta positiva da iniciativa privada. Empresários, pesquisadores e empreendedores foram estimulados a inovar com acesso a recursos e incentivos fiscais, ao mesmo tempo em que o governo criou um ambiente mais favorável à cooperação público-privada.

Em 2008, quando da realização do primeiro Open Innovation Seminar, os fundadores do Centro de Open Innovation – Brasil (OIC-Br) perceberam que o entendimento sobre cooperação estava demasiadamente centrado na parceria universidade-empresa, e que era necessário um debate mais focado na prática empresarial de colaboração para a inovação. O evento, ao propor o debate sobre a aplicabilidade da inovação aberta no Brasil, reuniu cerca de 340 especialistas, executivos, acadêmicos e formuladores de políticas públicas, como o próprio criador do conceito de inovação aberta, Henry Chesbrough.

Após cinco edições, o evento ganhou proporções que refletem o crescimento do movimento pela inovação no país. Em 2012, o evento reuniu mais de 1600 participantes divididos em cerca de 30 atividades paralelas, ao longo de três dias de discussões. Ao todo, 145 painelistas, dentre eles 20 internacionais, deram o tom da diversidade das práticas de inovação aberta no país e da internacionalização das cooperações pela inovação.

O crescente sucesso do Open Innovation Seminar inspirou o Centro de Open Innovation – Brasil a expandir sua atuação da disseminação e troca de experiências para a prática e articulação de projetos de inovação. O público do evento passou a exigir da organização mais atividades que estimulem o estabelecimento de parceria em torno de desafios comuns enfrentados.

A cultura da inovação aberta está se enraizando não só dentro das empresas, mas também nas universidades e no governo, e, para desabrochar em projetos e ações concretas, precisa de espaços abertos e neutros que facilitem a conexão. Dentro dessa visão, o OIC-Br deu um passo adiante e se estruturou para atuar como um facilitador de ações conduzidas pelo pensamento colaborativo. A meta para 2013 é estruturarmos os processos, a metodologia e a plataforma para gestão desta rede.

Topo


 

Suíte

 

Gestor da Inovação: um maestro de redes de inovação

Profissionais multidisciplinares, vindos de diferentes áreas e líderes de inovação, são cada vez mais valorizados.

Cristina Assimakopoulosa

Um sal de cozinha utilizando indevidamente um selo de qualidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi o que levou a advogada por formação Cristina Assimakopoulosa enveredar pelos caminhos da inovação. Trabalhando no departamento jurídico da universidade e acostumada a lidar com casos ortodoxos, ela se deparou com uma situação que resultou na criação de um núcleo de propriedade intelectual na Unifesp e serviu de pontapé inicial para uma mudança de rumo na própria carreira. Da Unifesp para trabalhar com pesquisa na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Cristina foi se aprofundando cada vez mais no universo da inovação até cruzar a fronteira da universidade para o setor privado, como analista master de Desenvolvimento Tecnológico da Vale, onde ajuda a viabilizar o desenvolvimento de projetos de pesquisa em parceria com a academia.

“Todos os grupos que conheci no início do movimento de inovação nas universidades são hoje meus interlocutores. É muito importante conhecer os interlocutores, os processos administrativos, a cultura dos dois lados e se livrar de preconceitos. A pesquisa não é muito lenta, apenas sobre coisas etéreas, tampouco a indústria é imediatista e só quer ciência aplicada”, afirma.

Uma advogada no núcleo de inovação de uma das maiores mineradoras do mundo é menos inusitado do que possa parecer à primeira vista. Convocação multidisciplinar e sendo um campo relativamente novo, a gestão da inovação atrai pessoas oriundas de qualquer área de conhecimento. Mais importante que a área de formação inicial, competências como visão sistêmica, pensamento estratégico, noções de marketing, finanças, contratos, conhecimento do negócio de sua empresa e, principalmente, capacidade interrelacional figuram como características-chave para um bom profissional da área.

O coordenador de Projetos e Inovação da AES, Guilherme Favaron, também é um exemplo de multidisciplinaridade. Farmacêutico bioquímico formado pela USP, Favaron começou a trabalhar com pesquisa e desenvolvimento (P&D) desde o primeiroano de faculdade, sendo bolsista de fundações de pesquisa durante grande parte deste período. Depois de realizar um trabalho de seis meses a convite do Departamento de Agricultura dos EUA, voltou ao Brasil para trabalhar numa indústria farmacêutica como coordenador de P&D, cuidando do portfólio de produtos e de projetos inovadores da empresa. Foi quando começou a despertar para a gestão da inovação. “Quando percebi o impacto do que fazíamos e tudo o que influenciava no sucesso de nossas empreitadas, passei a enxergar alguns projetos como partes de um grupo de ações que conduziam às inovações”, lembra.

Hoje, Favaron atua em uma multinacional norte-americana no segmento geração e distribuição de energia elétrica, a AES. Composta majoritariamente por engenheiros eletricistas, um farmacêutico bioquímico na dianteira dos processos de gestão da inovação causa certa estranheza. Segundo ele, “para o gestor da inovação, é mais importante ter as características (conjunto de habilidades e competências) necessárias à função do que a própria formação acadêmica. Essa é fundamental para os demais membros da equipe que compõem o grupo que viabiliza o projeto inovador. Somando a grande importância que as empresas estão dando à inovação e ao grande volume de conteúdo da literatura sobre o tema, está surgindo um profissional que se dedica à gestão da inovação, com um grupo de conhecimentos que, até o momento, poucos cursos provêm”.

Mas, grande parte dos gestores de inovação ainda vêm de áreas mais relacionadas a P&D, como as engenharias. É o caso do consultor em inovação Marcelo Prim. Mestre pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em Gestão de Processos de Negócio e Métodos de Criatividade, é graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Prim tem grande experiência em gestão da inovação, mas afirma que o caminho até chegar onde está foi traçado inicialmente de modo mais intuitivo que consciente. “Nunca pensei em atuar na gestão da inovação, possivelmente, porque ainda não existe um curso específico. Quando comecei a trabalhar, não existia sequer o cargo de gerente da inovação”, lembra.

Tendo atuado no Desenvolvimento Tecnológico da Embraer, liderou projetos de gestão de processos de negócio e desenvolvimento de novas tecnologias estratégicas. Mais tarde, Prim foi gerente do processo de inovação da Natura, atuando como líder do funil de produtos e liderando projetos de melhorias do processo de inovação. Também atuou como gerente do programa de P&D na Sygma Motors, com destaque no projeto da concepção, fabricação e testes de motor a combustão interna para geração de energia elétrica, utilizando etanol e GNV como combustíveis alternativos para a Vale Soluções em Energia (VSE). Atualmente é consultor em gestão da inovação na Allagi Open Innovation Services.

Topo


 

Artigo

Afinal, o que faz um gestor da inovação?

Bruno Rondani, Diretor do Centro de Open Innovation - Brasil

Nas últimas décadas, as empresas passaram por alguns importantes avanços gerenciais. O foco na qualidade forçou as empresas a desenvolverem processos de produção mais rigorosos. Em seguida a onda do Lean e Six Sigma, estimulou as empresas a adotarem processos empresariais ainda mais severos, eliminando lacunas e criando controles rígidos. Por fim, as empresas adotaram o Downsizing e o Outsourcing, onde qualquer tarefa que pudesse ser eliminada era eliminada e qualquer trabalho que pudesse ser terceirizado por um menor custo era terceirizado.

Neste processo evolutivo das empresas, ao mesmo tempo em que elas se tornaram melhores estruturadas e eficientes, tornaram-se também muito rígidas e, paradoxalmente, frágeis frente as bruscas mudanças do mercado e do ambiente. Em um cenário competitivo cada vez mais dependente da inovação, os avanços gerenciais alcançados nas décadas anteriores passaram a ser seu maior entrave. A partir daí, desenvolver competências para inovar passou a ser o principal desafio organizacional das empresas.

Considerando a crescente importância da inovação e o acelerado ritmo em que é demandada, as empresas passaram cada vez mais a tratá-la como um processo gerencial. Assim como finanças, marketing, produção e vendas, a inovação também passou a demandar profissionais capacitados e especializados. As empresas entendem que não podem mais depender da genialidade individual de um líder extraordinário. Ao mesmo tempo, é cada vez mais compartilhada a ideia de que a inovação não pode ser restringida a um departamento ou função (como P&D, TI, marketing ou alta direção).

Entretanto, inovação é um conceito muito amplo e remete a diversas definições, sem padrão de indústria ou sem uma "certificação" validada. Esse conceito apresenta uma variabilidade enorme entre industrias e até mesmo dentro da própria empresa. Inovação pode ser a incorporação de uma nova tecnologia em um produto, um produto ou serviço totalmente novo, pode ser de processo produtivo ou gerencial, pode ser organizacional ou de modelo de negócios.  Sendo assim o que faz e quais habilidades deve possuir um gestor da inovação?

Uma boa forma de responder a essa pergunta é observando o que as empresas procuram, como elas especificam perfis para seus agentes de recrutamento encontrarem no mercado. A partir da análise de alguns desses perfis identificam-se as seguintes características comuns.

O gestor da inovação deve ser capaz de traduzir os desafios estratégicos da sua empresa na construção de um portfólio de projetos e iniciativas de inovação. Ao mesmo tempo deve ser capaz de realimentar a formulação da estratégia da sua empresa com informações sobre as tendências e mudanças no ambiente externo. Neste sentido atividades como definição de escopo de projetos de desenvolvimento tecnológico, avaliação de propriedade intelectual e acompanhamento do desenvolvimento científico são fundamentais para este gestor.

Um líder de inovação de sucesso será um executivo altamente flexível e adaptável capaz de gerar valor sustentável e crescimento empresarial. Ele deverá criar e implementar as melhores práticas existentes para uma abordagem holística para a inovação. Deverá ser capaz de criar ou integrar-se a ecossistemas para transformar as oportunidades de inovação em negócios.

Para alcançar tudo isso, certos traços de liderança são imprescindíveis. Conhecimento técnico e boa visão de negócios aliados a habilidade de aplicar técnicas e ferramentas é fundamental. Também é desejável que se tenha agilidade no aprendizado, como um aprendiz incansável e versátil aberto a mudanças assimilando através de sucessos e fracassos. Apreciação a desafios e agilidade estratégica é outro ponto forte.

O gestor da inovação deve ser capaz de cocriar o futuro e antecipar-se a tendências. Articuladamente deve trabalhar com predições claras e executando planos de curto, médio e longo prazo. Este profissional deve fornecer à sua organização o pensamento crítico necessário para determinar as abordagens que melhor se adequam a cada desafio, julgar quais ideias criativas e sugestões podem funcionar e quais não.

Mas, acima de tudo, um líder de inovação deve ser orientado para a ação, gostar de trabalhar duro e ser cheio de energia, superando metas com sucesso e estimulando a si e aos outros sempre em busca de melhores resultados. Tudo isso com integridade e inspirando confiança, sem hesitar em admitir erros e falar a verdade.

Tornar-se um líder em inovação não acontece do dia para a noite, exige formação, experiência e muita dedicação. Os cursos tradicionais não são suficientes para formar gestores da inovação. É necessário uma formação específica que permita um entendimento aplicado de negócios aliado a um repertório pessoal de habilidades, ferramentas e processos, que inclui a compreensão de vários modelos de negócios, proposições e operações. O gestor da inovação não é um super-profissional do qual a empresa depende para inovar, mas uma pessoa que alia boa formação a características pessoais distintas capazes de estimular os outros a inovarem. É preciso investir cada vez mais em cursos capazes de fazer com que os potenciais gestores da inovação tenham acesso às ferramentas e conhecimentos necessários para alcançar o sucesso neste caminho.

Topo


 

Notícias

Notícias do Centro de Open Innovation – Brasil e seus parceiros
Curso “Programa de Ideias e Desafios”

No próximo dia 25 de março, o Open Innovation Center oferece o curso “Programa de Ideias e Desafios”, que tem como objetivo capacitar profissionais envolvidos com gestão da inovação para o melhor uso da colaboração com participantes internos ou colaboradores externos. A metodologia do curso, que terá oito horas de duração, será focada na aplicabilidade de conceitos, exploração massiva de cases atuais e atividades práticas orientadas a desafios. O curso será ministrado pelo engenheiro e mestre, Marcelo Prim, e coordenado pelo PhD in Knowledge Science pelo Japan Advanced Institute of Science and Technology, André Saito. O encontro será realizado em São Paulo.
Mais informações sobre o curso podem ser acessadas .

Sessão de Benchmarking em Inovação Aberta

O Open Innovation Center realiza no próximo dia 25 de março uma sessão de benchmarking presencial, direcionada a grupos selecionados de empresas líderes em inovação no país. A ideia do encontro é identificar as melhoras práticas de gestão da inovação no Brasil. O evento é destinado a convidados e será realizado das 10h00 às 19h00 em um espaço focado na troca de ideias, em São Paulo. Caso tenha interesse em participar escreva para Ádiler Vilkas (adiler.vilkas@openinnovation.wiki.br).

Seminário Jornalismo da Inovação

Jornalistas interessados na cobertura do tema da inovação vão participar de evento promovido pelo Open Innovation Center no próximo dia 25 de março. O encontro “Como cobrir Inovação no Jornalismo: em busca de uma linguagem compartilhada” é destinado a jornalistas, editores, professores de escolas de jornalismo e assessorias envolvidas com a cobertura do tema da inovação. O evento, destinado a convidados, será realizado de 13h30 às 16h30, em São Paulo. Caso tenha interesse em participar escreva para Carla Colonna (carla.colonna@openinnovation.wiki.br).

 


 

Sobre este boletim

O Boletim Inovação Aberta é uma iniciativa do Centro de Open Innovation – Brasil. Nesta publicação digital mensal, patrocinada por parceiros do Centro, pessoas envolvidas com a prática da inovação aberta no país são entrevistadas com o objetivo de registrar casos, discutir conceitos e propiciar oportunidades. O boletim também oferece informações sobre os principais cursos, eventos, artigos e lançamentos relacionados à inovação aberta.

 

Colabore

Topo

Esta iniciativa é patrocínio e colaboração de:

Siga o Centro

Termos de uso