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Boletim Inovação Aberta

Boletim mensal sobre a Inovação Aberta – Publicação digital número 22 – Março/2013

Acompanhe as atividades do centro e relacione-se com os demais profissionais da inovação por meio da plataforma openinnovationbrasil.ning.com

 

Uma para três

Uma pergunta sobre open innovation para três personalidades do cenário brasileiro de inovação

Quais práticas inovadoras sua empresa tem adotado para gerir a inovação?

Max Leite
Diretor de Inovação da Intel Brasil

“Adotamos um método de gestão que mede além do tradicional, como identificação de oportunidades, geração de ideias e propostas de produtos e serviços. Incluímos nas métricas a construção de ligação direta entre pesquisa e desenvolvimento e negócios, ações com empresas externas e criação de ecossistema. Essa ponte é feita com métricas de receita decorrentes da inovação como propriedade intelectual, royalties, componentes e soluções. Medimos também atividades com parceiros, que classificamos como âncoras e aceleradores, e buscamos demonstrar o estabelecimento de um ecossistema de desenvolvedores e negócios ligados à nova área de oportunidades decorrente da inovação”.

 

Nelson Faria
Diretor de Tecnologia e Inovação da TV Globo

“Iniciamos em agosto de 2008 o piloto do Projeto I9, cujo objetivo é estimular e apoiar iniciativas de funcionários de todos os níveis, visando implantar ideias que melhorem a produtividade e qualidade, reduzam custo e promovam novos negócios. Essa incubadora, formada inicialmente por nove voluntários, cresceu e hoje somamos mais de 1.400 inovadores em rede colaborativa. Já recebemos 502 ideias, que se transformaram em 99 projetos. Em outubro de 2010, deixamos de ser um projeto piloto e todos os funcionários podem participar”.

 

Adriana Knackfuss
Gerente sênior de Conexão com Consumidores da Coca-Cola Brasil

“A Coca-Cola Brasil entende que em todos seus planejamentos de comunicação deve haver pelo menos uma ideia inovadora. Assim, conseguimos ir além da venda de bebidas não-alcóolicas e de entregar boas campanhas. Um exemplo é a Coca-Cola FM, com a qual nos comunicamos com os consumidores de forma única. Já no projeto Coca-Cola WiFi, entendemos a demanda crescente por acesso à internet e ajudamos a promover inclusão digital. A marca Coca-Cola, em parceria com a Oi, disponibiliza acesso à internet gratuito em bares, restaurantes e lanchonetes, em uma ação de patrocínio de pontos de acesso da rede Oi WiFi Fon. Até 2014 serão mil pontos em todo o Brasil”.

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Suite

Empreendedores brasileiros têm opções crescentes para expansão

Empresas nascentes contam com o apoio do governo para incubar e acelerar negócios

O empreendedor iniciante enfrenta um enorme rol de desafios, que podem ir da gestão da propriedade intelectual de seu produto até dúvidas sobre o modelo de negócios e dificuldade para estabelecer contatos estratégicos. Para dar suporte a essas empresas, o país conta com um ambiente já estabelecido de incubadoras e, mais recentemente, tem visto surgirem as aceleradoras.

O modelo de aceleradoras ganha agora respaldo com o Start Up Brasil – programa do Governo Federal com orçamento de R$ 40 milhões que promete alavancar 150 startups de software e serviços de TI até 2014. Em uma parceria com a iniciativa privada, a operação será feita por nove aceleradoras que já vinham se destacando no país com estrutura, profissionais qualificados para mentoria e ampla rede de relacionamentos.

Para Carlos Pessoa, diretor do Wayra – aceleradora mantida pela Telefonica que está entre as selecionadas –, o Start up Brasil “é uma grande validação do governo sobre a importância de apoiar as startups”. Ele acredita que as aceleradoras vêm somar uma função importante ao ecossistema de inovação do país, ajudando a compor um ciclo virtuoso de crescimento. 

Ele explica que aceleradora e incubadora cumprem papeis distintos nesse ambiente. “Uma aceleradora está muito focada no desenvolvimento do negócio, especialmente de empresas de cunho digital que possibilitem um processo de maturação muito rápido. A incubadora, por normalmente estar ligada a centros acadêmicos, apoia a inovação em um estágio anterior, de desenvolvimento do produto, quando é importante trabalhar questões como a patente”, difere. “Para criar isso, o tempo é de dois, três anos. Já nas aceleradoras, estamos falando de meses”.

Ainda não existe um relatório oficial que mostre um número exato de aceleradoras em território nacional por se tratar de uma atividade recente no Brasil, mas a Associação Brasileira de Startups conta 25 empresas especializadas no aconselhamento a novos empreendedores. Por outro lado, estudo realizado pela Anprotec em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, mostra que, até 2011, o país já totalizava quase 400 incubadoras em operação.

Com 15 anos de atuação, o Cietec – Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, é um exemplo dessa atuação. Entre as demandas que a organização atende, estão aspectos das áreas de gestão tecnológica, empresarial e mercadológica. Segundo o diretor do Cietec, Sérgio Risola, é comum que empreendedores passem pela incubação e, mais tarde, busquem o apoio de aceleradoras.

João Paulo Oliveira, CEO da Prodeaf é um desses casos. Quando entrou no Wayra, há dois meses, já possuía a experiência de uma incubadora e tinha clareza sobre o que esperar de um modelo e de outro. Com um software para tradução de português para libras (linguagem de sinais) já desenvolvido e prêmios da Microsoft e da ONU em reconhecimento pelo trabalho, seu desafio agora está em fazer o negócio decolar. “Dentro da aceleradora, é criada uma nova oportunidade de negócio quase que semanalmente por meio da rede de relacionamentos que encontro aqui e do ambiente de aprendizagem com empreendedores que deram certo”, conta. “Além disso, a incubação abre portas para grandes clientes que seriam se difícil acesso para uma micro empresa e me faz pensar de forma mais abrangente. Quando comecei, tinha uma visão unicamente nacional para a Prodeaf, mas isso já começa a mudar”.

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Fomento

 

Onde está o dinheiro da inovação no Brasil

Rafael Levy – Allagi

O Governo Federal anunciou neste mês o lançamento de um pacote de R$ 32,9 bilhões para a inovação no país, o Inova Empresa, que terá duração de dois anos. A alta cifra levanta questionamentos sobre o estado da inovação no Brasil e os caminhos que o poder público tem encontrado para fomentá-la. O plano, que seria uma oportunidade para propor uma reforma ampla de gestão, basicamente se resume a injetar um volume maior de recursos nas linhas de trabalho já existentes. Atualmente, o Brasil concentra sólida produção científica e a indústria tem realizado mais pesquisa e desenvolvimento (P&D). Os resultados mostram, porém, que é importante investir também em outras frentes.

Em 2011, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) declarou em seu relatório de gestão que dedicou R$ 3 bilhões à inovação. Desse montante, foi aplicado R$ 1,7 bilhão em operações de crédito para P&D nas empresas e R$ 1,1 bilhão nas instituições científicas e tecnológicas. Os outros R$ 200 milhões foram fornecidos como subvenção – o chamado financiamento a fundo perdido, pelo qual as empresas recebem dinheiro para investir em P&D sem a obrigação de devolvê-lo à agência. Já o relatório mais recente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) indica o aporte de R$ 2,2 bilhões em empresas em 2012 por meio de diferentes linhas de financiamento.

Parcela importante dos mecanismos que hoje movimentam a inovação está nas regulações setoriais (Lei da Informática no setor de tecnologia da informação e comunicação, regulamentação da Aneel no setor elétrico, Inovar Auto na indústria automobilística e regulamentação da ANP para o setor de óleo e gás), segundo as quais as empresas de áreas estratégicas têm a obrigação legal de dedicar percentuais mínimos às atividades de P&D. Juntos, esses setores somam cerca de R$ 3,5 bilhões anuais. Também com foco em P&D industrial, por meio da Lei do Bem, o Governo Federal abriu mão de R$ 1,4 bilhões em arrecadação de impostos das empresas em 2011.

É importante notar que esses valores mostram que os investimentos públicos em inovação têm focado prioritariamente nas atividades de pesquisa nas universidades e no aumento da P&D industrial. Porém, está cada vez mais clara a necessidade de ampliar o espectro. Hoje em dia, já se sabe que algumas das mais importantes inovações não ocorrem pela criação de novos produtos, mas pelo surgimento de modelos de negócios inovadores, por exemplo.

O lançamento do pacote pelo Governo Federal nesse contexto torna ainda mais relevante a reflexão sobre se a medida será capaz de aperfeiçoar o modelo brasileiro de incentivo à inovação ou se irá se restringir a aumentar o volume de recursos, sobrecarregando a capacidade operacional das agências. Esse aspecto torna-se crítico, uma vez que boa parte das iniciativas bilionárias já criadas anteriormente tiveram falhas na implementação, não atingindo as expectativas e apresentando resultados questionáveis.

Por exemplo, em 2009 foi anunciado R$ 1,4 bilhão para o Primeira Empresa Inovadora (Prime) com objetivo de investir em novos negócios inovadores. Na prática, a execução orçamentária não chegou a 12% do esperado, ficando em cerca de R$ 160 milhões, e o programa foi extinto logo em seu primeiro ano.

Já o programa de subvenção econômica, que desde 2006 vinha oferecendo anualmente de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões de recursos não-reembolsáveis diretamente para as empresas, foi descontinuado em 2011. A iniciativa atingiu recordes de demanda por parte das grandes empresas e foi interrompida com a justificativa de que o formato não era adequado e que seria remodelado. Após quase 3 anos sem editais o programa é relançado exatamente nos mesmos moldes de sempre.

Também no que se refere a incentivos fiscais, pode-se ver uma estagnação na evolução do programa. O valor total de investimentos em P&D incentivados caiu 20% entre 2010 e 2011 e não cresce desde 2008. Além disso, o mecanismo vem encontrado dificuldades em se adequar a formas diferentes de inovar além da P&D industrial. No último relatório de uso dos incentivos fiscais da Lei do Bem, nenhuma operadora de telecomunicações teve sua prestação de contas aprovada, mostrando que o governo ainda não reconhece os esforços do setor de serviços.

O caso do Ciência sem Fronteiras também reforça a preocupação de que a injeção de recursos em órgãos funcionais seja compatível e promova um ganho efetivo para o modelo de financiamento da inovação. Com previsão de R$ 5 bilhões de investimento até 2015 em 101 mil bolsas, o programa tem exigido que Capes e CNPq estabeleçam parcerias com empresas e entidades privadas para promover intercâmbios de excelência não só acadêmica. Essas parcerias (com Petrobras, Febraban, Vale, CNI, Natura e O Boticário, dentre outros) concentram 26 mil bolsas, mas ainda engatinham para efetivamente integrar pesquisadores acadêmicos e empresas. No esforço de cumprir as metas, o que se tem observado é a redução de exigências para os candidatos, como conhecimento do idioma estrangeiro, e a inclusão de universidades estrangeiras com índices acadêmicos inferiores.

Pelo plano lançado ontem, a gestão dos recursos federais para inovação passa a se dividir em editais por setores: petróleo e gás; etanol; energias renováveis; defesa e aeroespacial; saúde; e tecnologia da informação e comunicações. O Inova Empresa acerta na medida em que se propõe a integrar os mecanismos para simplificar o acesso da empresa à inovação e descentralizar a demanda das pequenas empresas, facilitando a operação da Finep. Porém, ao optar por manter as mesmas estruturas de programas anteriores (crédito, parceria com universidades e subvenção para a contratação de pesquisadores), apenas agrupando-os em chamadas setoriais, acaba não criando mudanças substanciais. Resta saber se dessa vez teremos uma iniciativa implementada conforme o anunciado e com resultados satisfatórios para o governo e para o setor empresarial.

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Artigo

Jornalismo da inovação: o desafio de pautar um tema transversal

Taís Ahouagi – Tinno Comunicação

Pense nos veículos de notícia que estão presentes no seu dia a dia. Em quantos dos sites, revistas e jornais que fazem parte da sua rotina, você se lembra de ter visto uma editoria chamada “Inovação”? Lembrar-se de um apenas já seria positivo, mas o mais provável é que nenhum venha à memória, pois ainda são poucos os veículos que reservam espaço exclusivo para o tópico. O chamado “jornalismo da inovação” tem crescido a olhos vistos, mas o tema continua ocupando um não-lugar – ou, melhor, um lugar múltiplo na imprensa.

Dentre os vários contatos que fiz desde que me dedico exclusivamente ao tema, certa vez, uma entrevistada definiu inovação como um lugar de interseção, como aquilo que ocorre quando dois itens aparentemente desconexos se ligam pela primeira vez. Essa ilustração parece fazer ainda mais sentido quando se pensa em como o jornalismo entende a inovação. Para falar sobre o mundo, o jornalismo o divide em gavetas (cultura, política, economia, cidades, tecnologia) – o que de certo modo facilita seu entendimento, mas, também, o limita. É justamente por a inovação se formar na sobreposição, ser multifacetada e transdisciplinar, que uma visão fragmentada tradicional não permite classificá-la.

No dia a dia, o que se vê noticiado são partes da inovação. Quando se quer falar de uma técnica inovadora, a matéria pode aparecer em uma página de tecnologia ou ciência; para abordar o desempenho de empresas inovadoras, jornalistas de negócios se interessarão pelo conteúdo; das diretrizes públicas para incentivo à inovação, a editoria de política se encarrega; ou, para tratar dos resultados financeiros de determinada iniciativa, uma pauta de economia pode surgir. Por outro lado, uma reportagem mais ampla, que se proponha a fazer conexões entre as políticas para inovação, determinado contexto econômico a participação de atores de diferentes esferas no ciclo da inovação terá dificuldade de se encaixar em uma só editoria.

Como acontece com outros temas, a ampliação da cobertura jornalística corre alguns passos atrás da expansão do próprio conceito de inovação. Se até hoje o Brasil inova pouco – é o 49º no ranking criado pelo Fórum Econômico Mundial –, há alguns anos a situação era pior. Consequentemente, o número de pessoas que saberia falar com propriedade – e se interessaria – sobre o assunto também era reduzido.

Na última década é que a cultura de inovação parece vir se expandindo de forma visível entre empresas, universidade e governo. Inseridos nesse contexto, aos poucos os atores da imprensa percebem essa transformação e a traduzem em pauta. Ao mesmo tempo, em um processo cíclico, à medida que aumenta a cobertura da inovação, cresce o valor percebido do tema para o público leitor.

Esse fenômeno se relaciona com o que, nos estudos de Sociologia e Comunicação Social, se chama de interacionismo simbólico. Os acontecimentos têm significados para as pessoas, que constroem e modificam essas significações por meio da interação social e de suas interpretações. A mídia está nesse contexto social, o modifica e é modificada por ele.

Portanto, quando a imprensa percebe a relevância da inovação e a legitima em suas páginas, está reforçando o valor percebido na sociedade sobre o tema. É por isso que já há pesquisadores que afirmam que o jornalismo ocupa um quarto lugar na tão falada tríplice hélice da inovação (governo, empresa e academia).

A comunicação está na base da inovação: para criar e implantar algo novo, é preciso ser capaz de formular entendimento a respeito dessa novidade por meio da linguagem. É somente através da comunicação que o que é novo encontra aceitação entre as pessoas e organizações, é questionado, aprimorado e ganha respaldo. Dentre as diversas formas de comunicação, o jornalismo, especificamente, se sobressai. Com a expertise de transportar para a linguagem cotidiana fatos ocorridos em meios especializados, quando abordam inovação, os jornalistas são os atores que ajudam a difundir em grande escala determinados entendimentos. São, então, o pé que pressiona o acelerador para a expansão de uma cultura de inovação.

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Clipping

Notícias externas sobre inovação aberta
Revista Mundo Corporativo

O Open Innovation Center – Brasil foi destaque na última edição da revista Mundo Corporativo, que produziu com matéria sobre o papel da inovação disruptiva. Saiba mais

Valor Econômico

O sócio da Allagi e diretor do Open Innovation Center – Brasil, Rafael Levy, assinou o artigo “Onde estão os recursos da inovação no Brasil”, publicado no dia 15 de março no jornal Valor Econômico, com análise sobre o plano Inova Empresa do Governo Federal. Saiba mais

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Notícias

Notícias do Centro de Open Innovation – Brasil e seus parceiros
Open Innovation Center – Brasil lança nova marca neste mês

No dia 25 de março, o Open Innovation Center – Brasil lança sua nova marca e identidade visual, criadas para acompanhar a evolução da entidade. O lançamento ocorrerá durante a primeira reunião anual do Conselho da organização. Na mesma data, será promovido o curso Programas de Ideias e Desafios, voltado para profissionais envolvidos com a gestão da inovação, e jornalistas convidados participarão de um encontro de aprimoramento sobre a cobertura midiática de temas relacionados à inovação.

 

 

Sobre este boletim

O Boletim Inovação Aberta é uma iniciativa do Centro de Open Innovation – Brasil. Nesta publicação digital mensal, patrocinada por parceiros do Centro, pessoas envolvidas com a prática da inovação aberta no país são entrevistadas com o objetivo de registrar casos, discutir conceitos e propiciar oportunidades. O boletim também oferece informações sobre os principais cursos, eventos, artigos e lançamentos relacionados à inovação aberta.

 

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